Uma mãe que ora

As orações de Mônica em favor da conversão de Agostinho

A oração intercessora é um elemento-chave na evangelização. Talvez o melhor exemplo seja o e Paulo: “O desejo de meu coração e a minha oração a Deus pelos israelitas é que eles sejam salvos” (Rm 10.1). Jesus também orou antecipadamente por aqueles que viriam a crer nele (Jo 17.20). É preciso orar por causa da pesada bagagem de apatia, ignorância, cegueira, incredulidade, soberba, preconceito e servidão pecaminosa que todo pecador carrega nas costas. Foi isso que a mãe de Agostinho soube fazer com perseverança e sucesso.

Nascida em Tagaste, hoje Souk Ahras, na Argélia, norte da África, em 332, Mônica era filha de uma família cristã, mas casou-se com um rapaz pagão, chamado Patrício, que era funcionário público. Aos 22 anos deu à luz Agostinho, que, ainda jovem, aderiu à religião maniqueísta (uma mistura de crenças iranianas e babilônicas com elementos do budismo e do cristianismo), fundada 124 anos antes. Além do desvio doutrinário, Agostinho entregou-se inteiramente aos prazeres da carne. Em momento algum, Mônica desistiu de ver o filho livre de ambos os males. Nem quando Agostinho, aos 29 anos, se transferiu para Roma e, depois, para Milão, para ensinar retórica e gramática. Nem quando o filho abandonou o maniqueísmo e se tornou cético.

Graças à misericórdia de Deus e ao descontentamento perseverante de Mônica, expresso por meio de palavras e por meio de muitas orações, Agostinho se converteu em Milão no ano de 387, aos 33 anos. O texto que o levou a Jesus foi a exortação de Paulo: “Comportemo-nos com decência, como quem age à luz do dia, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja. Ao contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne” (Rm 13.13,14). Agostinho se fez batizar na Semana Santa daquele ano (25 de abril de 387) por Ambrósio, ordenado bispo de Milão 13 anos antes, a essa altura com 47 anos. Nesse mesmo ano, morreu Mônica, aos 65 anos. Ela bem poderia ter orado à semelhança de Simeão: “Agora podes despedir em paz a tua serva, pois os meus olhos já viram a salvação do meu filho Agostinho, depois de tanta oração por ele”.

Pouco depois de convertido, Agostinho voltou para o norte da África, fixando-se na importante cidade de Hipona (Hippo Regius), destruída pelos árabes no século sétimo. Ali foi ordenado sacerdote aos 37 anos e bispo aos 41. Morreu 35 anos depois, em 430, aos 76 anos. É conhecido como o maior teólogo da Antiguidade. Deixou uma grande quantidade de livros, dos quais os mais conhecidos e lidos até hoje são as famosas Confissões e A Cidade de Deus. É de Agostinho a famosa declaração: “Porque nos fizeste, Senhor, para ti, nosso coração anda sempre inquieto enquanto não se tranquilize e descanse em ti”.

Das esquinas para o quarto

A psicóloga Dora Eli, da APPE (Assessoria Psicopedagógica Educacional), membro da Igreja Evangélica O Brasil para Cristo, em São Paulo, e uma das fundadoras do CPPC (Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos), em sua devocional durante o CBE2, disse que precisamos sair das esquinas — onde os hipócritas gostam de orar — e entrar em nossos quartos para nos dirigir ao nosso Pai, “que está no escondido” (Mt 6.5, CNBB). Em outras palavras, o que a preletora encoraja é a nossa transferência do público para o privado, da publicidade para a espiritualidade, das águas rasas do tanque de Betesda para as águas profundas do poço de Jacó.

No mesmo dia, o cantor Josué Rodrigues, pastor da Igreja Presbiteriana Betânia, em Niterói, RJ, cantou uma de suas composições (Quarto Secreto, escrita no verão de 2002), cuja letra combina perfeitamente com a mensagem de Dora Eli:

Quando entro no meu quarto secreto

Para lhe falar a sós

Meu Pai me vê

Assim em secreto

Ele escuta a minha voz

Eu posso lhe falar tudo

Não há segredo entre nós

Se estou triste ou alegre

Prazer é estar aos seus pés

E derramar meu coração pequenino

No oceano do amor

Desfrutar da intimidade

Que me oferece o Senhor

Que me diz coisas tão lindas

Eu me levanto feliz

Para viver

Vou viver.

Fonte: Ultimato

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