Simpatia Gospel

Não são poucas as pessoas que creem na previsão da cartomante, do horóscopo, na “amarração” ou na “devolução” da pessoa amada em poucos dias, na sorte, ou no azar, como, por exemplo, passar embaixo de escada, levantar com o pé esquerdo, cruzar com um gato preto, quebrar um espelho, etc. E no chamado meio gospel, existe misticismo? Vejamos: o padre “louva a Deus” acompanhado pelo balé de garotas seminuas, sua presença e sua música são poderosas; o papa desfila sua “áurea” por onde passa; o pastor reparte seu lenço molhado do suor de seu rosto; as paredes do templo parecem ter vida; o copo com água e uma quantidade de elementos ungidos parecem mágicos; a espiritualidade é a do poder positivo, das palavras com poder, do arrepio, da emoção à flor da pele.

Segundo Kivits, essa espiritualidade mística “é profundamente marcada pelas categorias das religiões indígenas e afro”. Ele afirma também que somos o povo das superstições, das mandingas, das simpatias. Entre outras coisas, ele lembra que ainda pulamos ondinhas no final do ano de roupa branca, ungimos portas de casas com óleo e deixamos a Bíblia aberta no salmo 91 para afastar espíritos maus, damos dinheiro na igreja para impedir a ação dos gafanhotos devoradores do dinheiro dos crentes. O teólogo Augustus Nicodemus Lopes afirma que, em nossos dias, “A Bíblia nas mãos dessas pessoas é manipulada e usada como um livro mágico e cabalístico para referendar as maluquices engendradas no laboratório da religião do lucro”. Assim, torna-se um livro de promessas, um meio de conquistar a bênção, de resolver problemas, de experiências místicas.

Conforme nos ensina Lopes, “a preocupação do homem moderno é agradar a si mesmo, e não a Deus. Ele quer sentir-se bem. Quer ter experiências arrebatadoras. Ele busca experiências que lhe provoquem calafrios na espinha. Para o homem moderno, a religião precisa apelar não à sua razão, mas às suas emoções. Ele não quer conhecer, quer sentir. Seu culto não é racional, é sensorial. Por isso, para continuar alimentando o homem com fortes emoções e mantê-lo em contínuo estado de êxtase, é preciso criar novidades a cada dia. O culto, então, passa a ser elaborado com vistas a despertar fortes emoções”. Essa busca por experiências e elementos místicos, na vida e no culto, sugere-nos um evangelho fraco. Parece-nos que, por si só, o evangelho é incapaz de produzir fé e efeitos, e o pior, parece-nos que servimos a um Cristo insuficiente.

Porém, isso não é verdade. O evangelho puro e simples, como o é, continua sendo o poder de Deus para salvar aquele que crê (Rm 1:16). Cristo é suficiente para nós! Para alcançá-lo não precisamos de métodos mágicos ou místicos, não precisamos de simpatias ou de objetos, não dependemos de sorte ou azar. Nunca se pode agradar a Deus sem fé, sem confiar nele. Qualquer um que queira ir a Deus deve crer que existe um Deus e que Ele recompensará aqueles que sinceramente O procuram (Hb 11:6 – BV).

Fonte: Lição Abra os Olhos – FUMAP – http://www.fumap.com.br/site/wp-content/uploads/2014/02/Licoes_FUMAP_ABRA_OS_OLHOS.pdf

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