Para que o seu pequeno grupo se reúne?

Imagine que você está liderando um pequeno grupo, e um jovem casal fala sobre a sua infertilidade. Eles compartilham a sua batalha contra a inveja quando outros engravidam, seu medo de nunca engravidar e sua luta contra a amargura em relação a Deus.

O que você diz?

Já que esse casal está sofrendo, é amoroso desejar confortá-los. Então, talvez alguém do grupo diga: “Eu sinto muito pelo que vocês estão passando”. Talvez alguém compartilhe sobre um casal que engravidou após um longo período de infertilidade. Talvez outro membro diga que vai orar para que eles engravidem. E talvez alguém recomende um especialista em infertilidade.

Tudo isso provavelmente irá consolar o casal infértil, e pode ser o tipo de incentivo e conselhos que eles precisam. Mas esse pequeno grupo já cumpriu o objetivo de Deus para a comunhão? Eu penso que não.

O objetivo de Paulo

Quando Paulo visitou pela primeira vez Tessalônica, as pessoas chegaram à fé e Deus operou o amor profundo entre o apóstolo e aqueles novos convertidos, a tal ponto que ele ficou com o coração partido quando de repente precisou sair da cidade.

Posteriormente, Paulo escreveu a eles e compartilhou seus planos de visitá-los para que eles pudessem se reunir novamente. E a partir dessa carta, podemos aprender qual seria o objetivo da comunhão cristã. Em 1 Tessalonicenses 3.1-10 vemos um tema emergir:

Enviamos nosso irmão Timóteo… para, em benefício da vossa fé, confirmar-vos e exortar-vos,

Foi por isso que… mandei indagar o estado da vossa fé, temendo que o Tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso labor.

Agora, porém, com o regresso de Timóteo… trazendo-nos boas notícias da vossa fé e do vosso amor… por isso, fomos consolados acerca de vós, pela vossa fé.

Orando noite e dia, com máximo empenho, para vos ver pessoalmente e reparar as deficiências da vossa fé.

Quando se tratava de comunhão, o objetivo principal de Paulo era fortalecer a fé.

Mas por quê?

Por que enfatizar a fé? Paulo nos diz no versículo 5:

“Foi por isso que… mandei indagar o estado da vossa fé, temendo que o Tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso labor”.

Paulo sabia que o objetivo de Satanás em tentá-los era destruir a fé deles, porque se Satanás conseguisse isso, eles não seriam salvos e o labor de Paulo teria sido inútil.

Ninguém pode ser salvo e ter a sua fé destruída (1Jo 5.18). Acredito que quando Deus salva alguém, ele começa uma boa obra que ele continuará até o céu (Fp 1.6). Portanto, todos os que verdadeiramente confiam em Cristo perseverarão na fé até o fim e serão salvos (Jo 10.29-30; Rm 8.28-30; Jd 1.24-25).

Porém, uma das maneiras como Deus nos mantém perseverantes é fazer com que outros encorajem a nossa fé (Hb 3.12-1.4). Então, se houver alguém em meu pequeno grupo que eu penso ter fé, mas agora está sendo tentado por Satanás de modo que a sua fé está enfraquecendo, entendo que a sua eternidade está em causa (Tg 5.19-20). É por isso que a prioridade de Paulo era fortalecer a fé em Cristo.

Estanque o sangramento

Imagine que você se deparou com um acidente de carro horrível, e um homem está deitado na estrada com as suas calças rasgadas, uma perna quebrada e vertendo sangue por um corte no pescoço.

Seria insensato começar a costurar as suas calças, ou mesmo posicionar a sua perna. Esse homem não morrerá por causa das calças rasgadas ou uma perna quebrada. Mas, ele morrerá se você não estancar o sangramento.

Nesse acidente, tudo depende de parar o sangramento. E na comunhão, parar o sangramento é a primeira prioridade antes de podermos tomar todos os passos necessários para reabilitar um companheiro crente. Concentre-se mais na natureza e na fonte da incredulidade, porque a fé é o “bote salva-vidas” que todos nós mais precisamos no meio da nossa dor.

Fortaleça a fé

De volta ao casal sofrendo pela infertilidade. Minha esposa e eu lutamos contra a infertilidade por anos, então compreendo a tristeza deles. Mas a luta deles contra o medo, inveja e amargura demonstra que a incredulidade está em seus corações. O objetivo desse pequeno grupo, portanto, deve ser fortalecer a fé deles.

A principal batalha para os casais inférteis é confiar que Cristo — não gravidez ou bebês — é o seu tesouro plenamente satisfatório e que Deus fará o que lhes trouxer a maior alegria em Cristo, seja por meio de gravidez ou não. Esse casal precisa de irmãos e irmãs que, com profunda ternura e compaixão e mesmo lágrimas, os ajudarão a confiar em tudo o que Deus promete ser para eles em Cristo.

Demonstre compaixão

Para fazer isso, o pequeno grupo ouvirá humildemente enquanto o casal derrama a sua alma e chorará com eles enquanto choram. Eles podem compartilhar o quão “perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado” (Sl 34.18). Eles podem ler o Salmo 40.1-3, e ser encorajados a crer que, enquanto esperam no Senhor em oração, ele colocará os pés deles sobre uma rocha e os encherá de louvor.

Eles podem estudar Romanos 8.28-39 para ver que, mesmo nessa aflição, eles podem ter certeza de que Deus os ama, e que ele está fazendo tudo para conduzi-los à maior alegria, que é contemplar Cristo em toda a sua glória. Depois, eles podem colocar as mãos sobre o casal e rogar pela obra de fortalecimento da fé do Espírito — e orar com máximo empenho para que Deus, em sua misericórdia, os faça engravidar. O objetivo de tudo isso é fortalecer a fé desse casal, para que eles vejam e sintam que Cristo é o seu tesouro plenamente satisfatório, e que ele fará o que for necessário para conduzir-lhes à maior alegria nele.

Porém, se o pequeno grupo ignora a fé deles e apenas os conforta com esperanças de gravidez, então, o pequeno grupo está apenas costurando calças rasgadas e posicionando um osso quebrado enquanto esse casal continua sangrando. Nós nunca faríamos isso com a vítima de um acidente. Estimulemo-nos uns aos outros à confiança em Deus quando as provações vierem.

Fonte: Voltemos ao Evangelho

Sem comentários