Onde estão os heróis?

Entenda herói como uma boa referência. Faltam referências. E esta falta começa em casa. Pai e mãe andam muito ocupados tentando conquistar um tipo de vida que o mundo os convenceu que é ideal, assim, terceirizam os filhos e, para piorar, são péssimos modelos sempre que os exemplos que oferecem são preenchidos por vícios, pornografias e traições. Os filhos, em ambientes assim, ficam sem referência, portanto sem a menor possibilidade de um herói.

Nas empresas a decadência é a mesma. Ética zero, concorrências desleais, esquemas dúbios, práticas no mínimo confusas e muitos risinhos, abraços e apertos de mão carregados de hipocrisia. Nada de referência, nada de herói.

E nos templos? Mamom reina. O comércio no chamado mercado gospel é selvagem tanto quanto no chamado mercado secular. O povo é visto como negócio. A venda de indulgências vem embalada em óleos, flores, vassouras, lenços, paletós, chofar, candelabros, enfim, numa quinquilharia vendida a peso de ouro após receberem o carimbo de “ungido”. Ou seja, aqueles que deviam ser referência são os agentes dos escândalos e, de herói, não têm nada.

Que tempos loucos são esses? Que loucos movimentos são esses que enlouquecem esses tempos? Onde estão os heróis para lutar contra os inimigos que ocupam as praças, os palácios, as mídias, as tribunas, os púlpitos?

Assim como a lama da Samarco que mata gente, destrói cidades, aniquila um rio, invade o oceano e contamina a tudo e a todos por onde passa sem nada acontecer aos verdadeiros culpados, os rejeitos dos nossos inimigos, aquilo que por milênios rejeitamos veementemente, vai avançando e devastando mentes, corações, esperanças, sonhos.

Exemplos? Que tal o material didático produzido e aprovado para as nossas crianças na rede pública? Onde o ensino sobre sexo ultrapassa todos os limites do que querem os pais? E as marchas que se escancaram nas avenidas, incluindo esta última, ainda que pífia em número de pessoas, para satanás? E o que dizer da mídia que quer porque quer a todo custo fazer uma nação aceitar como comum o que grande parte desta nação não aceita como comum? E que tal a imprensa, que manipula a informação conforme sua ideologia? E, como sabemos, é uma ideologia cada vez mais anti-Cristo.

Por que, num cenário tão caótico, não surgem heróis? Para mim, dois motivos respondem essa pergunta.

Primeiro motivo: Tem muita gente querendo ser herói. O empresário quer criar um serviço ou produto que lhe faça entrar na lista da Forbes. O líder religioso de qualquer escalão, flerta com o messianismo, quer ter a palavra, a revelação, a unção. A banda X e o ministério de louvor Y querem arrebentar com músicas que sejam consumidas aos milhares. O jovem quer ser milionário já. O casal quer todas as benesses desta babel e para tal abre mão da própria família. É muita gente atrás de reconhecimento, sucesso, elogio, status, poder, itens que fariam qualquer um ser herói. Mas que tipo de herói? Um tipo raso, superficial, passageiro e que, certamente, não é referência para ninguém.

Segundo motivo: A paz na consciência deixou de importar. As pessoas já não têm grandes dramas com o certo e o errado dentro de si mesmas. O quadro que vivemos é um tipo de lama que vem detonando a ética, o respeito, a honestidade, tudo. É todo mundo querendo levar vantagem sem se importar com a desvantagem dos demais. Todo dia o mundo está falando que você é mais você, que você precisa se liberar pra ser feliz já, que aquilo que os outros pensam não importa desde que você esteja satisfeito. Todo dia o mundo nos convence que o errado não é tão errado, afirmando que isso é papo de “crentelhos”. O resultado é uma consciência anestesiada e indiferente a tudo de absurdo, baixo e rasteiro que acontece a sua volta.

Lutero foi um herói que se encaixa neste texto. Leia sua biografia, pesquise e compare informações. Ele não imaginava que com suas ações estava dando início a um novo tempo e a uma nova civilização. Lutero, decididamente, não tentava ser um herói, ele apenas e tão somente estava sendo coerente e obediente a sua consciência. Tal convicção entrou para a história com o título de Reforma Protestante e a história se encarregou de reconhecer nele um tipo de herói.

Ainda temos Luteros? Gente fiel a sua consciência? Creio que sim, temos! Gente que não negocia princípios e nem valores, mesmo que tenham que enfrentar demônios incontáveis. Essas pessoas anônimas estão se movimentando no mundo todo, em algum momento serão reconhecidas como heróis para poucos ou para muitos, Deus é quem sabe o tempo e o modo.

O heroísmo do mundo fala de poder, conquista, riqueza. O heroísmo Bíblico fala de fidelidade, humildade, verdade. Uma coisa não exclui a outra, cada um terá sua própria história, sua área de abrangência e prosperidade. Mas seja como for, a prioridade é Cristo e a paz na consciência, pois é sempre a partir daí que Deus molda e lança os seus heróis, gente que derruba muros, atravessa mares, enfrenta exércitos, suporta leões e sobrevive a fornalhas, enfim, gente que só é “herói” porque aprendeu a confiar e a se submeter ao Herói.

Paz!

Por: Pr. Edmilson Mendes

Fonte: Sou da Promessa

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