Limites para pais e filhos

No aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, aguardávamos o horário do voo que nos levaria a Campo Grande – MS, para um congresso de famílias.

Lia um livro quando altas vozes me chamaram a atenção. Então, passei a observar, há uns três metros a minha frente, uma cena inquietante.

Uma mãe tentava, desesperadamente, controlar os dois filhos. Os meninos tinham, talvez, uns 7 e 8 anos e brigavam entre si. Ora ela agarrava um e afastava do outro, ora ela agarrava o outro e colocava em outro lugar. Repetindo esta atitude várias vezes, ela parecia cansada e as crianças, se batendo, continuavam a não obedecer. Ela e as crianças estavam completamente fora de controle. Enquanto tudo isso acontecia, o pai – sim ele estava lá – trabalhava em seu laptop. Ela pediu ajuda, mas ele nem se mexeu. Depois de alguns minutos de uma verdadeira batalha, ela sentou e os meninos corriam, gritavam e implicavam um com o outro. Alguns minutos depois o pai pegou um dos meninos no colo e se afastou. O outro queria ir atrás do pai e do irmão, mas a mãe o agarrou no colo, prendendo-lhe os braços, pois ele queria bater nela, e ficou por alguns minutos lutando com a criança, até que conseguiu se desvencilhar e correr para longe, enquanto ela gritava e fazia ameaças.

Era claro que aquela mãe queria controlar os filhos. Lamentavelmente, não sabia como.

Filhos tem que obedecer aos pais. Entretanto, temos que ter cuidado para não cometer erros graves no exercício desse controle.

Usar a força física é um desses erros graves. O tempo todo aquela mãe usava a força para segurar os filhos, afastá-los um do outro ou assentá-los forçadamente numa cadeira. Não é o uso da força que faz uma criança obedecer.

Fazer ameaças é outro erro. E ele se torna ainda maior quando os pais prometem algum castigo e não cumprem. Quando isto acontece por duas ou três vezes, se torna lição aprendida para os filhos: os pais não cumprem sua palavra, não são dignos de crédito. Então eles irão continuar fazendo o que quiserem porque sabem que nada acontecerá. Provavelmente aquela mãe do aeroporto fizera isto muitas vezes, pois os meninos não davam qualquer crédito ao que ela dizia.

Descontrolar-se é, também, outro erro grave. Frequentemente as crianças tiram os pais do sério. Parecem que elas sabem muito bem como nos irritar e cansar. Perdemos a paciência e, consequentemente, o controle sobre nossos sentimentos e ações. Daí para partir para a violência física ou psicológica é um pulo. Pais que usam de violência com frequência contribuem para que seus filhos se tornem irados e rebeldes.

Mas também há pais que ficam tão descontrolados que entregam os pontos. Por não saber lidar com a situação preferem largar de mão e os filhos vão ficando cada vez mais fora de controle.

Desde muito cedo a criança percebe como lidar com seus pais. Aprende a controlá-los, a fazer chantagem emocional, a conseguir o que quer. E sabe fazer isto com muita graça. Afinal, é realmente difícil resistir àquele sorriso encantador ou suportar aquele choro implacável! E é a partir do próprio comportamento dos pais que ela aprende como conseguir e fazer o que quer.

Penso que os pais precisam ser mais espertos que os filhos. Que precisam aprender melhor a dizer sim e a dizer não e a exercer uma autoridade mais sadia.

Fonte: Click Família

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