Homens Amantes

Meu pai sempre foi amante da doutrina. Um amigo do meu pai sempre foi amante da pregação homileticamente bem feita. Tive um amigo, já falecido, que era amante da música clássica, um dos melhores regentes que já conheci. Temos amigos amantes da saúde, do esporte, do trabalho, dos livros. Na média, todos têm sido bons amantes de suas companheiras, homens amantes com tudo de bom que existe em demonstrar e dedicar amor.

Nem todos homens amantes, no entanto, são bons exemplos. Uma das marcas dos últimos dias é caracterizada pelos “homens amantes de si mesmos”. Neste caso, o foco do amor não é o outro no aspecto do bem comum, o foco é o ego, num descarado eu-me-amo, eu-me-amo, eu-me-amo.

A expressão de II Timóteo 3:1 e 2 nem de longe fala sobre auto estima. “Amantes de si mesmos”, no texto, aponta para pessoas avarentas, presunçosas, soberbas, blasfemas, desobedientes, ingratas, profanas. Ou seja, características atuais e totalmente compatíveis com a filosofia que não se importa com os meios, desde que se atinja os fins, aquela que quer se dar bem custe o que custar, enfim, a filosofia dos homens amantes de si mesmos.

No chamado mundo gospel, pelo que parece, acabou de aparecer mais um exemplar: o Thalles. Primeiro, numa infeliz ministração, afirmou que era acima da média porque vive no meio de gente fraca, entre outras escorregadas feias. Depois, dada a repercussão negativa, emitiu uma nota para pedir desculpas e se explicar. Logo no início, suas palavras vomitam mais um pouco do espírito tô-me-achando: “Desde que me tornei esse ‘furacão’ de sucesso eu tenho clamado a Deus pra que meu sucesso nunca roubasse a verdade, a minha verdade”, (http://www.ofuxicogospel.com/2015/07/thalles-roberto-esclarece-polemica-e.html.)

Tive vontade de parar de ler. Mas continuei. O texto faz o que infelizmente muitos que não querem dialogar fazem, recorrem ao expediente mais manipulador possível: “Deus falou…” e por aí vai e, se “Deus falou”, fim de papo, não é mesmo? Afinal, como discordar de Deus?!? Mais tarde, depois de ler a nota pedindo desculpas, sua produção fez circular um vídeo com o cantor pedindo perdão e explicando que tudo não passou de um grande engano, que ele continua um homem de Deus e apaixonado pela igreja. Enfim, uma salada de ditos e não ditos que causa cansaço. Se está sendo verdadeiro ou não é da conta dele e cada um que faça sua pessoal confrontação com tudo que ele escreveu e disse com o que está escrito e dito na Palavra, se assim interessar.

Não conheço o artista. Não saberia citar uma música dele, mas enquanto parte da igreja exaltar homens no lugar do Único que deve ser exaltado, sempre testemunharemos tais decepções, porque a fama e o sucesso via de regra dão uma perigosa sensação de poder que faz as pessoas se sentirem acima do bem e do mal. E pessoas como eu e você geralmente se lambuzam quando têm acesso a algum poder.

Mas isso é julgamento, diriam alguns. Não, não é. É apenas a constatação do que falou e escreveu. Basta gastar meia hora ouvindo e lendo para encontrar dezenas de contradições entre o que a Bíblia diz e o que ele diz. Não cola, simples assim. Afinal, como bem afirmou Paulo, se um anjo apresentar uma mensagem diferente da Palavra revelada, que o mesmo seja anátema. Se for para escolher, de minha parte, sempre ficarei com o conselho de Paulo, pois a Palavra é lâmpada e luz para o meu caminho, já as revelações modernas se resumem a confundir e polemizar.

Cantores gospel, no geral, não gostaram. Fãs se indignaram. Para mim, nenhuma surpresa. O desfile de vaidades é mais manjado que qualquer outro desfile. Todo dia máscaras caem e comportamentos “homens-amantes-de-si-mesmos” vêm a tona. De pessoas famosas viram notícias, de anônimas, não. E só. Ir além disso é caminhar por uma especulação perigosa, não temos, pelo menos eu não tenho, qualquer condição de medir o caráter e o carisma do Thalles. Se errou ao falar e depois veio a público pedir perdão aos que se ofenderam e se sentiram enganados, é com ele e Deus, departamento no qual não temos como opinar, palpitar ou interferir, a não ser Aquele que sonda mentes e corações.

Nossa geração vive os últimos dias. Homens amantes de si mesmos vão sair do armário cada vez em maior número. Pastores, cantores, missionários, advogados, engenheiros, professores, músicos, escritores, empresários, auxiliares, jovens, velhos… Todas as áreas foram contaminadas. Gente que a cada ação quer saber qual a vantagem que leva, qual o lucro, qual o status. Gente de toda classe social, de toda tribo e nação, que em uníssono ouvirá a dura resposta de Jesus para a falácia de sua fé: “Apartai-vos de mim que eu não vos conheço”.

Se ainda tem dúvidas sobre estarmos nos últimos dias, vai lá em II Timóteo 3 e leia até o 4:5, o texto de Paulo é tão atual que parece ter sido escrito semana passada.  Até a aparição de Cristo nos ares, tudo irá piorar, o amor vai esfriar, a criação vai gemer, ou seja, cenário propício para surgir mais e mais homens amantes de si mesmos.

Pedro pisou muito na bola. Errou, caiu, se arrependeu, levantou. Num de seus encontros mais dramáticos com o Mestre, ouviu de Jesus por três vezes a mesma pergunta: “Você me ama?” O reino precisa de homens amantes do Rei, pois amantes de si mesmos sempre causarão divisões, vergonhas, escândalos. Amantes do Rei adoram, exaltam, glorificam, anunciam. Amantes do Rei respeitam e amam suas famílias e ministérios, por isso mesmo honram todas as relações, provocando glória ao nome do Cordeiro em cada ato e palavra. Pense nisso quando for louvar e adorar, pois apenas Um é digno de todo louvor e da nossa adoração.

Paz!

Por: Pr. Edmilson Mendes

Fonte: Sou da Promessa

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