“…e sereis meus discípulos”

Uma afirmação ainda válida para os nossos dias

“Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos” (João 8.31)

“Você quer ser igual a mim?” Na tradição judaica, quando alguém era convidado por um rabino para segui-lo era como se ouvisse esta pergunta.

Será que, quando os discípulos de Jesus ouviram: “Vem e segue-me”, foi essa pergunta que eles ouviram? “Quer ser igual a mim?” Para eles, sem dúvida, tratava-se de um chamado radical – imitar o rabino Jesus. Discípulo é um aprendiz. Ainda na tradição judaica era o Talmid, meninos judeus que, desde os 6 anos, eram levados aos pés dos rabinos para estudar a Torah e a decorarem. Eles eram ensinados até os 10 anos. Os mais interessados, mais inteligentes, eram escolhidos pelos rabinos – mestres judeus, para serem seus Talmidim, ficavam até os 14 anos diariamente com esses rabinos. Eles não aprendiam apenas o Pentateuco, cinco primeiros livros, mas aprendiam todo Antigo Testamento.

Em Israel havia uma recomendação aos Talmidim*: “Cubra-se com a poeira dos pés do seu Rabi”. Isso significava que o Talmid deveria observar tudo o que o seu Rabi falava, fazia e a maneira como vivia, pois, a sua ambição não era simplesmente saber o que o seu rabino sabia, mas era ser semelhante ao seu rabino. Provavelmente os chamados para serem discípulos de Jesus sabiam bem disso. Mas quem sabe eles apenas queriam segui-lo. Pois não era nada fácil ser um Talmid, pois cada rabino tinha o seu conjunto de regras e interpretações, e esse conjunto era chamado de jugo, pois de fato era muito pesado.

Jesus Cristo escolheu o método Rabino/Talmid ou Mestre/Aprendiz para se relacionar com seus discípulos, porém encontramos duas diferenças entre Jesus e os rabinos:

  1. a) Os rabinos colocavam um jugo tão pesado aos seus Talmidim que nem eles conseguiam cumprir e Jesus em todo tempo os criticava por isso. Eles viviam de uma forma, mas queriam que seus Talmidim vivessem de outra, porém, Jesus, além de viver conforme o seu ensino, ainda dizia e diz em Mateus 11.28-30: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”

  2. b) A segunda diferença é que os Talmidim eram meninos extraordinários, faziam parte de uma elite intelectual e privilegiada, mas Jesus chama a todos indistintamente, todos os que quiserem podem ser discípulos de Jesus. Jesus chamou os doze, chamou Paulo, chamou homens e mulheres, judeus e gentios, chamou a mim e a você e ainda continua chamando, porque seu maior desejo é que aprendamos com Ele, para que um dia estejamos plenamente com Ele, eternamente…

Podemos identificar que o chamado é para todos a partir do texto de Lucas 14.25-27 e 33. “Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe: Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo. Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.”

 

Porque será que Jesus fala com a multidão dessa forma?

A primeira condição é ama-lo acima de tudo v. 26, a nossa família e até mesmo acima da nossa própria vida. Jesus não está pedindo ou ordenando que odiemos nossa família e nem nossa vida, mas Jesus está dizendo que muitas vezes priorizamos a nossa família em detrimento de Jesus, O deixamos em último lugar e não como primazia em nossas vidas. Jesus precisa ser o Centro da nossa vida. Antes de amar as pessoas ao meu redor, preciso amá-lo de todo meu coração, e quando coloco Ele como meu primeiro amor, consigo amar muito melhor as pessoas ao meu redor e até mesmo os meus inimigos.

A segunda condição é carregar a cruz (v.27) – esse tipo de sofrimento vem por causa do amor a Jesus. Levar a nossa cruz não significa de forma alguma sofrer com alguém da nossa família, sofrer com uma doença, e assim vai… Quantas vezes você já ouviu dizer que a cruz é a sogra, o esposo, o patrão… Esse texto não quer dizer nada disso. Tomar a nossa cruz e seguir a Cristo significa estar disposto a identificar-se como cristão publicamente, se preciso, experimentar oposições, sofrimento e até mesmo a morte, tudo por amor ao nome dele.

A terceira condição é a renúncia (v.33) – Jesus Cristo é nosso maior tesouro, nosso bem mais precioso, portanto, precisamos renunciar a tudo que temos e até mesmo quem somos, renunciar nossas paixões, nossos bens, nossos conceitos e viver para Deus. É desapegar desse mundo, é dizer não a muitas coisas que nos trazem um prazer momentâneo para obedecermos a Cristo.

A mim e a você cabe a reflexão: Eu tenho sido discípulo? Eu tenho dado ouvidos à voz do Mestre? O capítulo 14 de Lucas termina da seguinte forma: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”

Reflitamos no que temos sido em Cristo e tomemos uma decisão rápida: Eu quero, eu sou um discípulo de Cristo!

Fonte: Portal IAP

 

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