Crise de oração e oração na crise

A oração está em crise? Ora-se pouco? Não se ora como convém? Perdeu-se a certeza sobre um Deus que ouve as orações? Não existem respostas prontas para perguntas tão íntimas. Oração frequente e sincera é questão muito pessoal. Liturgicamente, considerando apenas aquilo que se vê, existe sim uma crise de oração.

Demorando-se um pouco mais na leitura do nosso tempo, começamos a perceber angústia, tristeza e derrota no olhar das pessoas. E tal estado é possível ver em todas as pessoas, inclusive naquelas que nutrem uma fé. Shoppings e churrascos enganam, só para citar dois exemplos. Nestes lugares é possível ouvirmos largas e altas risadas, mas no geral é só aparência social, pois enormes vazios de alma é o que de fato encontramos.

Por outro lado, uma sociedade cada vez mais mecânica, líquida, descartável e indiferente, acaba explicando em parte a crise de oração. Entretenimentos, eventos, programas, cargos, enfim, ativismos de toda sorte vão empobrecendo nosso tempo e nossa vontade para a oração. Sem oração nosso relacionamento com o Pai vai pouco a pouco esfriando e nos levando para mais longe da comunhão. Neste cenário poucos percebem a tragédia, a maioria fica hipnotizada num misto de conformação e acomodação, num clima do tipo está-bom-do-jeito-que-está! Só que não.

O que poderia acontecer para alterar o quadro desta perigosa crise de oração? Talvez, quem sabe, uma crise! E ela chegou. E chegou com todo o furor e componentes que estão colocando milhares de joelhos, literalmente.

Medo, insegurança e incerteza sobre o amanhã assalta o coração da maioria que tem juízo. O desemprego fica cirandando ao redor de todos, do peão até o diretor presidente da fábrica, ninguém escapa. Aí, como sabemos, quando a água sobe e bate no queixo, até muitos dos ateus gritam “Ai meu Deus!”

Mais ou menos assim começa a oração na crise. Aumentam as campanhas, os votos, as promessas, as renúncias, os arrependimentos, os quebrantamentos, os sacrifícios, os jejuns, as santificações. Afinal, nossos possíveis são apenas isso: possíveis. E apenas “possíveis” não são capazes de realizar os “impossíveis” que necessitamos. É então que nos lembramos que a oração feita com fé, como já dito de tantas e de diferentes formas, move montanhas.

Se pelo amor ou pela dor, não importa. O que importa é ver o povo que se chama pelo nome dEle se ajoelhar e orar, e se arrepender dos seus maus caminhos, e voltar para o caminho da intimidade com Deus. Caminho que é desde sempre pavimentado pela boa oração. Por boa eu entendo autêntica. Aquela que brota da alma. Seja no falar, no gritar, no silenciar, no ajudar, no partir o pão, no lavar pés, no doar, enfim, seja como for o seu jeito de orar, que seja autêntico e que somente a Ele glorifique.

Crises, via de regra, fazem isso, colocam a oração no eixo. No caso da crise atual, eu creio, ela vai passar. Porém a vontade de orar espero que não passe, porque orar é falar com Deus. E taí uma conversa que eu quero que nunca termine: meu papo de filho para Pai e de Pai para filho. Um Pai que em tempo algum me abandona, seja na calmaria, seja na crise.

Paz!

Por: Pr. Edmilson Mendes

Fonte: Sou da Promessa

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