Consertos

Talvez você tenha achado estranha a foto que ilustra este artigo e está se perguntando o que de fato é este treco. Sim, é mesmo o que parece. Uma peneira costurada. Cheguei em casa de viagem e encontrei isto sobre a mesa. Minha mãe correndo para preparar com todo o carinho e conforto meu cantinho por uns dias, deixou a tarefa pela metade. Eu ri quando vi. Tirei uma foto só pra guardar de lembrança, mas decidi compartilhar com vocês.

Esta peneira costurada diz muito sobre a minha mãe, o núcleo no qual fui criada e os princípios que meus pais incutiram em mim. E, ora veja, hoje eu acho que foram os melhores do mundo, apesar de ter reclamado de muitos deles quando era menor, sabia menos e achava que sabia tudo. E não somos todos mais ou menos assim? Se você não é, parabéns!

Esta peneira é um pouco mais nova que minha irmã caçula, foi comprada em prol dela, há 20 anos, para coar os suquinhos que enchiam a mamadeira. Daquele tempo em que o plástico durava um pouco mais e qualquer dia mostro um espremedor de laranja que minha mãe comprou pra mim, há mais de 3 décadas e está em pleno uso lá em casa.

Esta peneira, entretanto, quebrou uma semana atrás, trincou sinalizando já estar no tempo de substituição, afinal a grande indústria das peneiras precisa ser estimulada, mas minha mãe não atende este clamor comercial e só entende uma linguagem em relação a estas coisas: pra que jogar fora se dá pra consertar? Talvez você a ache muquirana. Eu já achei. Mas ela não é, creia-me. Ser pobre ajudou a economizar na vida, não só por princípio, mas – e sobretudo – por necessidade básica mesmo.

Acontece que lá em casa, não se joga fora uma panela porque quebrou o cabo. Conserta-se. Não se desfaz de uma peneira que trinca: conserta-se. Não abandona uma roupa que rasgou um pouco: conserta-se. Não se ignora um filho que não se comporta como o sonhado: conserta-se… as expectativas, as emoções, o carinho. Não se termina casamento: conserta-se.

Entende porque eu digo que nasci na melhor família do mundo? Todo mundo tem defeito lá em casa, mas a gente segue consertando todo dia um pouquinho. Um remenda o outro, cola o que desgrudou, costura o que rasgou, pinta o que desbotou e olhamos com orgulho para o que construímos: um amor puro e mais forte que as quebradas que a vida dá na gente. É assim que cresci e é isso que prego por aí, pois eu acredito nAquele que “faz novas todas as coisas”.

O que está precisando de conserto na sua vida?

Fonte: Fabiana Bertotti – site Adventistas

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