Cai, cai conexão

O desespero fica estampado na cara. A conexão cai e tudo para, conversas, acessos, vídeos, fotos, e-mails, informações, serviços bancários, comunicação. É como se perdêssemos um órgão vital do nosso corpo.

O mundo digital mudou radicalmente nossos hábitos. Quando os celulares ainda não tinham lista de contatos, nós tínhamos os números de telefone memorizados sem qualquer dificuldade. E a lista sempre era grande, no meu caso, por exemplo, eu sabia o número dos meus pais, sogros, tios, irmãos, primos, cunhados, empresa, clientes, amigos e ainda uma centena de famílias da igreja.

E hoje? Não sabemos nem o nosso número! Se estivermos numa cidade estranha e perdermos nosso celular, simplesmente não lembramos os números das pessoas que poderiam nos ajudar. O mesmo vale para as mais variadas situações, o que fazer quando a placa-mãe do carro, da geladeira, da tv, pifam? Simplesmente somos deixados no vácuo.

Crianças de todo Brasil cantavam “cai, cai balão aqui na minha mão”. Lembro da garotada do bairro que morava na minha infância correndo atrás de balão. Era uma farra. Ontem, como hoje, o perigo era grande, mas pouco se falava sobre os riscos de incêndio, era tudo uma grande festa. Crescemos e fomos vendo outras coisas caírem, a bolsa de valores, o dólar, o Collor, a Dilma, as locadoras de vídeo, o Mappin, a Mesbla, e soubemos sobreviver as mais diferentes quedas. Mas em relação a conexão ainda não aprendemos o que fazer…

Acho que vou propor uma campanha para os meus amigos músicos do Brasil, que tal se fizéssemos uma música “Cai, cai conexão, cai aqui, cai ali e libera a nossa comunhão!”. Já pensou? Que legal seria ver famílias e amigos reaprenderem o prazer de um papo, de uma conversa, de jogar banco imobiliários, jogo da vida, dominó, etc. Que bom seria ver amigos e famílias levantando a cabeça, tirando os olhos do celular para olharem uns nos olhos dos outros. Que bacana seria ver a galera cantando “cai, cai conexão…” e curtindo a terapia de saber rir de si mesmo. Que edificante seria ver quem se ama tendo mais tempo para falar com Deus.

Um antigo hino que se cantava nas igrejas – e até hoje em muitas delas ainda se canta – dizia assim: “Guarda o contato com teu Salvador e a nuvem do mal não te cobrirá, pela senda alegre tu caminharás, indo em contato com teu Salvador!” Perfeito. Esta é a conexão que jamais pode cair, o contato direto com nosso Salvador.

Os ruídos de um mundo que insiste em tentar nos manter distantes de Cristo devem ser diminuídos, se possível, zerados. Porém nada e ninguém deveria ter o poder de impedir o seu contato com o Salvador. Quando atividades estressantes e sem fim, seja na área que for, esportiva, acadêmica, cultural, religiosa ou de entretenimento, consomem e engolem todo seu tempo e energia, é chegada a hora de dar um basta, de romper a agenda, de estabelecer prioridades, afinal, afastar-se do contato com Deus é afastar-se da vida. E ninguém quer sobreviver feito zumbi numa metrópole. Ninguém quer, mas assusta ver como cresce o número de zumbis no caos das grandes cidades.

Quem cai somos nós, Deus nunca cai. Quando perdemos a conexão com o Pai é porque resolvemos pegar estradas semelhantes aquela trilhada pelo filho pródigo que, distante da casa do pai, perdeu toda comunicação com quem podia ajudá-lo. A solução foi simples, ele voltou arrependido para os braços do pai, pronto, o contato voltou, a conexão se estabeleceu. Conexões digitais continuarão a cair e não temos nada a fazer que possa impedir com 100% de garantia que não caiam. Na conexão com o Pai, no entanto, temos interferência decisiva, pois tudo que ligarmos na terra será ligado no céu, porém tudo que desligarmos será também desligado. Fique ligado, seu contato constante com o Pai é o que te ajuda a ficar em pé. Quedas? Podem até acontecer, mas mantenha o contato com o Pai, Ele sempre te levantará.

Paz!

Por: Pr. Edmilson Mendes

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