A fé sai de férias?

Não deveria, mas sai. As igrejas estão repletas de assistidores de culto. Gente que está satisfeita em ocupar um assento, ouvir mensagens, erguer mãos, cantar junto aos que cantam, ofertar alguma coisa e… até mais! Semana que vem, se der, a gente se vê!

Algo errado nesta rotina? Nada de errado. É melhor ir do que nunca ir, não é mesmo? O problema está no comportamento que preenche o espaço entre um culto e outro. Para muitos, infelizmente, a fé sai de férias.

Paulo, aos Romanos, alertou para que aquela geração não se conformasse ao mundo, não pegasse a sua forma de ser, ver e viver. Se vivesse hoje, penso que o apóstolo tentaria tudo, tv, jornal, outdoor, redes sociais, rádio, megafone, carro de som, enfim, ele tentaria por todos os meios despertar o conformismo desta geração.

Tudo, ou quase, está ficando absolutamente normal para o homem do terceiro milênio. Com estratégias sutis e muito sedutoras, uma série de hábitos, costumes, palavras, programas, entretenimentos e atitudes impensáveis em outros tempos, acabam entrando e fazendo parte da agenda daqueles que confessam serem salvos por Cristo.

Porém depois de conhecer a Cristo se nada em minha vida antiga sofre qualquer alteração ou mudança, cabe a pergunta: Do que Jesus me salvou? Por que e para quê eu reconheci e aceitei seu sacrifício na cruz? Consegue perceber o estrago que a indiferença e frieza para com as coisas da fé acarreta?

A confusão, libertinagem e descaso são tão grandes que, confesso, chego a ficar com sérias dúvidas: as pessoas estão de férias, do que de fato são, quando estão fora da igreja ou quando estão na igreja? Vivemos uma época na qual a estética vai dando uma goleada atrás de goleada na ética. Vivemos em meio a uma geração que paga qualquer preço ético para garantir uma estética aprovada pela maioria.

Férias é bom. Todos precisamos. Mas fé não é artigo que cansa, que esgota, que deprime. Pode até ser, e eu sei que em muitos casos é verdade, que a super atividade aliada a muitos títulos e cargos nas igrejas acabam por expor, deprimir e estafar muitos imprudentes. A fé, porém, na sua pureza interior, é totalmente espiritual e sobrenatural, um sentimento inteiramente nosso, guardado num local onde o ladrão não rouba e a traça não corrói. Portanto a fé não sai de férias, antes, ela deve ir conosco nas férias e em todos os lugares.

Faça dos seus momentos de culto momentos de adoração, nos quais você presta culto a Deus. Ao sair destes momentos, saiba que Ele vai com você conforme descrito na poesia do salmo 139. E, mais que isso, saiba que é impossível deixar a fé num canto qualquer. Ela vai te acompanhar, queira ou não. Em determinados momentos você vai identificar a fé como um prazer suave no coração, outros como um peso na consciência. Não importa como, a verdadeira fé estará lá, sempre falando com você e você, como o salmista, falando com ela: Por que te perturbas dentro de mim, ó minha alma?

Fé autêntica. É disso que a igreja atual carece. É muito blá, blá, blá. Muito show. Muita tese. Muita nota de rodapé e referências mil. Enfim, muita teoria. Precisamos daquela fé de Abraão, de Moisés, de Elias, de Davi, de Esther, do garotinho com aqueles pães e peixes, das mulheres a entrada do sepulcro. Precisamos de uma fé que nunca saia de férias, que saiba sorrir, chorar, cantar, ousar, silenciar, esperar, adorar, compartilhar. Venha pra corrida. Ela só terminará quando Ele aparecer nos ares. Se é pra sair de férias, saia, mas saia de FÉ-rias!

Paz!

Pr. Edmilson Mendes

 

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