A cruz de Cristo deve ser a única glória do pastor

 O apóstolo Paulo nos ensina a não flertar com a vaidade ou o orgulho

“Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” (Gl 6.14)

O pastor sofre muitas tentações e uma delas pode ser a sua função de liderança na Igreja. Aliás, nada acontece na igreja local sem o seu parecer. Reunião de conselho, escolha de líderes, eventos etc. E se ele ocupa funções administrativas, a tentação pode ser multiplicada. Reuniões, comissões, deliberações, assinaturas, viagens. É muita gente dependendo de um gesto, de uma palavra, de um posicionamento.

As decisões fazem parte das funções pastorais, e os cargos são importantes para a Igreja. No entanto, o perigo está quando a paixão está acima da missão. O cargo acima das pessoas.  E torna-se doentio quando um pastor ou líder não está preparado para deixar as suas funções, ser transferido para outro campo ou quando almeja isso ardentemente, como fim último de um chamado. O resultado é desastroso, sempre com muita dor.

Paulo percebeu um contexto semelhante na Igreja que estava na Galácia. Muitos queriam se gloriar na circuncisão, nos seus atos, para fugir das perseguições e da mensagem da cruz. Desta forma, o apóstolo, desejando arrancar esta erva daninha dos corações dos seus irmãos, testemunha:

“Mas longe esteja de mim…” – Havia algo para se ficar distante. Não queria flerte ou amizade com qualquer posicionamento humano. Se algo pudesse lhe massagear o ego, fazê-lo maior do que realmente era, ele agia com repulsa.

“… gloriar-me…” – Isso significa motivo de orgulho. O orgulho sempre engloba vários outros pecados. Para muitos teólogos, é o “pai” dos outros pecados. Antes da sua conversão, possuía muitos motivos para se gloriar, mas depois da conversão, tudo ficou pequeno diante da revelação de Cristo (Fl 3.5-14).

“… a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo…” – Único motivo de orgulho. A cruz foi a expressão máxima de amor, humildade, perdão e de libertação. Não a cruz objeto, mas a cruz existencial, sacrificial, na qual se revelou a grandeza da pessoa do nosso Senhor, num momento único e eterno. A cruz era algo que Paulo achava importantíssimo como alvo da vida cristã. Os porquês das provações, das tribulações e das tentações, encontravam significados diante do Sacrifício de Jesus. Quem nunca visitou o calvário espiritualmente, não vai saber lidar com as misérias humanas que todas as funções do Corpo de Cristo exigem.

“… pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” – Havia acontecido um rompimento abismal com o mundo. Sentia-se totalmente desligado dos valores do mundo. Na verdade, morto. Paulo havia sido conquistado pela cruz. Entre o mundo e a cruz, ele optou pela cruz. Num mundo onde cruz era sinônimo de fraqueza e derrota, Paulo a assumiu.

As funções e ofícios são dádivas indispensáveis do Senhor para a Igreja. Desde que não seja com esperteza, a qualquer custo e que se desviem da cruz de Jesus.

Se acaso, em algum momento, sentir-se diminuído de qualquer função, de lhe faltar reconhecimento, ou mesmo ter de deixar qualquer lugar, é que Jesus deseja lhe revestir de algo maior, glorioso, o ministério do evangelho alicerçado na cruz. Isto é o máximo de um ministério.

Aceite o que Jesus lhe reservou com o objetivo dele crescer e você diminuir, como quis João Batista (Jo 3.30).

Nunca se esqueça da cruz, nela esteve o seu Senhor. E, por meio dela, seremos sempre amados, agraciados, aceitos, chamados e, gloriosamente, vitoriosos.

Fonte: Portal IAP

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